quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Enfim, o caos.


Está tudo perdido. O mundo está uma bosta e não tem mais jeito. Onde já se viu, gente fazendo caridade e se orgulhando disso? Não! Isso não está certo. Quando coisa boa vira exceção é sinal de fim dos tempos, ou melhor, fim do mundo.
Que acabe mesmo em 2012, talvez seja melhor assim. Sei lá, vai que os mais crentes estão certos e realmente existe a tal vida após a morte. Espero que ao menos lá as coisas  caminhem melhor. Não espero um “paraíso”, isso também não deve ser muito bom, é uma calmaria tediante, mas que seja melhor, sem essa de “cada um por si e que se fodam os outros”.
Agora, se não acabar em 2012 complica... As tecnologias, por milhões que custam, não possibilitaram nossa vida em outro planeta. Cheguei a cogitar uma sociedade alternativa, dessas que se come àquilo que planta, que se prega a liberdade e tal, mas ai fiquei pensando na velocidade e voracidade dos avanços do mercado e percebi que qualquer sociedade dessa seria, no máximo, uma colônia de férias.
O caos. Arrisco dizer num caos geral. É para isso que caminhamos.
A imagem que me vem a cabeça é aquela que descreve Saramago em seu livro “Ensaio sobre a cegueira”. Aqui, o cego já fomos. O caos será quando o inverso acontecer, quando conseguirmos enxergar o mundo, enxergar aonde chegamos. A cegueira será de opção.
Ai quem sabe, quando tudo isso por fim acabar, alguma outra explosão reviva o Big Bang e tudo volte às cavernas.

Enquanto isso não acontece, que ao menos tentemos mudar, fazer diferente, tirar a bunda do sofá e parar de curtir status no facebook. Vamos viver uma vida mais agitada. Como já disse Maiacovsky, “é melhor morrer de vodca do que de tédio”.




quarta-feira, 18 de julho de 2012

Lembranças da ditadura


Volta à tona a ‘ameaça comunista’ tão falada no período que antecedeu o Golpe civil-militar brasileiro. A ameaça a liberdade e democracia que supostamente o comunismo traria ao Brasil, motivou e legitimou os militares a recorrerem às armas e tomar o poder.
Agora, talvez por um saudosismo, César Maia retoma algumas dessas ideias da Guerra Fria.
As últimas se deram pelas relações com Cuba (antigo inimigo dos ianques) e com a Venezuela. Os exemplos forma publicados em seu blog sob o título de  “Terceirização Vermelha: em 2013 chegam ao Brasil 1.500 médicos cubanos contratados.” Maia diz que “formação de Dilma na esquerda revolucionária dos anos 1970” estaria influenciando a presidenta nas decisões.  Outro ponto de ataque foi o discurso da Dilma no 1º de Maio. 
Depois da morte de Carlos Lacerda uma parte da elite e setores militares sentiram falta de um líder de direita, posto que Maia, calculadamente, assumiu. Através desse posicionamento César Maia conquistou por duas vezes a prefeitura do Rio de Janeiro. 

As eleições de Maia e sua atual candidatura a vereador ressaltam a parcela da população brasileira que se sentiu desamparada com o fim do Regime Militar.
Não podemos esquecer que no dia 2 de abril de 1964 o Rio de Janeiro foi palco da maior manifestação pró-Golpe do país, reunindo 1,5 milhão de manifestantes que saíram às ruas para aclamas os militares.

São os resquícios de um período que manchou a história brasileira.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

A Crise do Capital e a chance para uma nova sociedade


Por mais recorrente que sejam os textos falando da atual crise econômica, senti a necessidade de reforçar alguns pontos que já vem sendo discutidos.
Com o advento do neoliberalismo, depois da restauração capitalista que aconteceu no Leste Europeu, o espírito individualista passou a vigorar, destacando o esforço individual como único meio de melhorar a vida, negando a visão coletiva que a luta de classes propõe e, por conseguinte, o socialismo.
Depois da hegemonia do Capital, o mundo vive hoje mais uma de suas crises. Países até então imperialistas, que segundo Lênin é a “fase superior do capitalismo”, estão com suas economias quebradas.
Isso nos faz pensar na afirmação de Marx, que posteriormente foi reforçada por outros pensadores, dentre eles Robert Kurz, de que o capitalismo é autofágico.
Esse colapso do capitalismo se dá pela exploração do trabalho em função do Capital e a busca constante da Mais-valia. Não era difícil prever tal crise. É só pensar na lógica do Capital. Para obtenção de lucro, destaco duas formas, a primeira pela redução ou arrocho salarial, e a segunda pela implementação de novas tecnologias que diminuam os custos.
Para o primeiro, se prevê uma redução de salário, ou não aumento do mesmo, a fim de obter mais lucros. Só que dessa forma o Capital impede o acesso ao bem produzido pelo próprio trabalhador, o que significará uma maior oferta para pouca demanda, em outras palavras, você força uma maior produção e não aumenta o salário, privando o trabalhador da obtenção dos bens produzidos.
Para sanar essa diferença os bancos privados (e em alguns casos o governo, através de bancos estatais) oferecem créditos. Para essa “solução” é necessário o levantamento de dois pontos cruciais. Com a liberalização de crédito as empresas não se vêem forçadas a aumentarem os salários, preservando seus lucros, e transferem  essa  responsabilidade aos bancos, que é através dos pagamentos das dívidas que obtêm seus lucros.
A curto prazo, essa liberação de crédito pode se mostrar uma boa saída, mas a longo prazo pode ser caminho sem volta.  Como aconteceu na atual crise dos EUA, onde cresceu a “Bolha” de crédito, resultando numa das piores crises mundiais, que se alastrou, como efeito dominó, a todo a mundo.
O outro ponto, que diz respeito a implementação de novas tecnologias, Roberto Schwarz explica no trecho abaixo:

Pela primeira vez o aumento de produtividade está significando dispensa de trabalhadores também em números absolutos, ou seja, o capital começa a perder a faculdade de explorar o trabalho. A mão-de-obra barata e semiforçada com base na qual o Brasil ou a União Soviética contavam desenvolver uma indústria moderna ficou sem relevância e não terá comprador. Depois de lutar contra a exploração capitalista, os trabalhadores deverão se debater contra a falta dela, que pode não ser melhor.¹

Ao contrário do socialismo, que não teve chance para revisão ou atualização, que na primeira crise foi substituído, o capitalismo tem o “aval” de se revisar e buscar soluções para suas crises, sobre isso Leon Trotsky afirma que:

Não há nenhuma crise que, por si mesma, possa ser ‘mortal’ para o capitalismo. As oscilações da conjuntura criam somente uma situação na qual será mais fácil ou mais difícil para o proletariado derrotar o capitalismo. A passagem da sociedade burguesa para a sociedade socialista pressupõe a atividade de pessoas vivas, que fazem sua própria história.

Isso implica na organização dos trabalhadores. E para isso é preciso organizações que legitimem a força dos trabalhadores, como sindicatos e partidos políticos. Dentro dessa análise, vale ressaltar a afirmação de Marilena Chauí quando fala do progresso da história:

A história não é sucessão de fatos no tempo, não é progresso das ideias, mas o modo como homens determinados em condições determinadas criam os meios e as formas de sua existência social, reproduzem ou transformam essa existência social que é econômica, política e cultural

Antes disso, Marx já fez essa relação entre o modo de produção e as mudanças sociais, dizendo que “As relações sociais são inteiramente interligadas às forças produtivas.” Afirmando que, mudando o modo de produção, consequentemente se altera as relações sociais.
De acordo com essas afirmações, vai do homem “em condições determinadas”, que podemos entender pela atual crise do Capital, se organizar e romper com o atual sistema.
Nesse momento é possível ver emergir, em diversos países do mundo, organizações, partidárias ou não, de posicionamentos extremistas, como é o caso do Partido Neonazista Chryssi Avghi (Amanhecer Dourado), na Grécia , como divulgado no blog UmaCascadeNoz .
Isso mostra um claro envolvimento político que momentos como esses proporcionam. Em momentos de crise, é possível observar um maior engajamento da população, o mesmo envolvimento se dá em momentos de euforia econômica, onde se vê certa “alienação” por parte da população. E é dentro desse cenário que os extremos vêem força para atuar. Como citado acima o partido Neonazista na Grécia, ou também a vitória de Hollande, na França. Nos casos, embora incomparáveis em termos ideológicos, mostram a busca da população por alternativas que revertam o quadro de crise que assola os países.
Em meio a essa análise, de acordo com o que foi discorrido, entendo por esse momento um marco decisivo para o Capital. O julgamento há tempos adiado está acontecendo. As soluções são cada vez mais escassas, a população já não vê resultados, nem respostas de seus governantes. Surgem a cada dia novas manifestações, contestações, greves. Agora é a hora de uma esquerda organizada, capaz de unir essas forças, agir politicamente dentro da sociedade, para acabar de vez com a investida neoliberal.   


¹ A propósito do livro de Robert Kurz: O Colapso da Modernização; Da derrocada do socialismo de caserna à crise da economia mundial. Editora Paz e Terra. Ano 1991.


segunda-feira, 4 de junho de 2012

A pergunta chave para todo senso comum.


Ao estilo papagaio de pirata, tem gente que não cansa de repetir o que escuta ou assiste na grande mídia.
Não sei se em todos os lugares, mas aqui em São Paulo tenho a impressão de ter uma classe média que defende, com unhas e dentes, o título de detentora oficial do senso comum.
Que São Paulo tem um perfil mais reacionário, não é novidade. Aqui, estamos fechados à mudança, preservamos medos antigos e apoiamos valores que há tempos já não se encaixam mais à nossa sociedade.
Gosto de discussões, não fujo do debate, muito pelo contrário, acho que tudo isso acrescenta muito, mas nesse caso a questão é outra. Nessas situações, essas pessoas simplesmente repetem o que escutam, sem refletirem coisa alguma.
Quem nunca ouviu as frases: “político é tudo corrupto”, ou “esse bando de estudante maconheiro”? No meu caso, por razões obvias (basta ler meus textos) não faltam os comentários: “Como você pode gostar do Fidel Castro, aquele ditador” ou “Hugo Chaves é um maluco”, “Che Guevara era uma assassino” e por ai vai...
Aqui em São Paulo, especialmente, ouvir falar mal do Lula já virou rotina, a vantagem é que as “queixas” são sempre as mesmas, e para essas eu já tenho a resposta formada.
Dias desses, já irritado com essas repetições, fiz uma pergunta que talvez seja a chave para deixar de ouvir ou, simplesmente, para fazer com que essas pessoas pensem antes de falar. Resolvi perguntar: Por que?
As reações diante dessa pergunta foram as mais variadas.
Algumas pessoas travaram, não conseguiram falar mais nada. Outras tentaram justificar, mas sem sucesso. Algumas outras enchem o peito e soltam frases como “li na Veja” ou “passou no Jornal Nacional”, essas coisas. Para essas eu me permito não continuar, paro por ai mesmo e finjo que não escutei nada.
Mais uma vez, só pra enfatizar, o problema não é ter opinião divergente, o problema é repetir opiniões sem o menor conhecimento do fato, ao estilo papagaio de pirata...

Um trecho da música “Prioridades” de BNegão.

Osmose é como classifico quase que de vez em sempre o comportamento humano: o que quase todos fazem é o certo, o resto é pura viagem, ledo engano
Então é isso: living la vida tosca!
Nossa capacidade de enxergar a realidade será nosso passaporte de liberdade
Nosso maior inimigo somos nós mesmos
Reféns de nossa própria ignorância (ignorância da própria)

segunda-feira, 28 de maio de 2012

Carta de Salvador de todos os povos e lutas


Nós, representantes de 19 organizações de solidariedade, de 39 movimentos sociais e partidos políticos de todos os Estados brasileiros, além do Grupo Parlamentar de Amizade Brasil-Cuba, reunidos entre os dias 24 e 26 de maio, em Salvador, a mais cubana de todas as cidades brasileiras, na Bahia de todos os povos e lutas, na 20ª Convenção Nacional de Solidariedade a Cuba, reafirmamos a solidariedade do povo brasileiro ao povo cubano e sua Revolução.
A irmandade e a solidariedade entre nossos povos são de longa data. São próprias da formação destas duas nações. Nossa identidade é cultural, está presente no legado ancestral e no sincretismo das religiões de ascendência africana, na forma de ver o mundo e enfrentar as dificuldades, está presente nas lutas contra as injustiças, e pelo ideário de que a unidade da América Latina é nosso destino.
Celebramos neste histórico encontro o compromisso solidário e incondicional com o povo cubano e sua Revolução, que iniciou o processo de desenvolvimento social de caráter autônomo e soberano naquele país – a epopeia iniciada em janeiro de 1959, com a qual o povo cubano tem superado seus próprios limites, criando as bases de uma nova sociedade, mais justa e fraterna, adquirindo moral e autonomia perante o mundo inteiro para resistir aos assanhamentos do império estadunidense, raivosos vizinhos do norte.
Ao longo destas cinco décadas, o povo cubano tem sido exemplo de vida e heroísmo para os povos ao redor do mundo. A Revolução herdou um país pobre, socialmente injusto, ferido por anos de ditadura apoiada pelos Estados Unidos. Em poucos anos o povo cubano, liderado por Fidel Castro, transformou Cuba numa nação livre, soberana, socialmente desenvolvida, com índices de alfabetização, expectativa de vida, mortalidade infantil e nível cultural comparáveis aos dos países mais desenvolvidos.
Hoje, a 53 anos da vitória de janeiro de 1959, a política de isolamento dos EUA imposta a Cuba foi derrotada. Hoje, apesar das hostilidades estadunidenses, Cuba está plenamente integrada e ativa nos principais processos de integração que se desenvolvem na região, com destaque para a Alba e a Celac, e mantém frutíferos intercâmbios com a Unasul e o Mercosul. Constatamos com satisfação que, na última Cúpula das Américas, quem ficou isolado foram os EUA, país cujo governo continua aplicando políticas hostis à Ilha.
Dentro deste contexto denunciamos o perverso e criminoso bloqueio econômico que já custou mais de US$ 950 bilhões à economia cubana. Este ato ilegal perpetrado pelos EUA é a cada ano mais repudiado na Assembleia das Nações Unidas. Repudiamos as tentativas de grupos da máfia de Miami, de inibir as relações comerciais entre Brasil e Cuba.
Repudiamos as ações de terrorismo de Estado perpetradas pelos EUA contra o povo cubano. Elas vão de sabotagem por meio de ataques bacteriológicos ao rebanho suíno e à agricultura, até o apoio ostensivo a grupos paramilitares e terroristas sediados em Miami que ceifaram milhares de vidas inocentes. Entre essas ações se inclui o abominável crime cometido contra o avião civil cubano em Barbados.
Reiteramos uma vez mais nossa solidariedade com os cinco heróis cubanos, cuja missão foi impedir que atos terroristas como o de Barbados continuassem ocorrendo.
Por isto, exigimos a sua imediata liberdade. Comprometemo-nos a difundir por todos os meios a nosso alcance a causa dos cinco. De igual modo, nos somamos ao conjunto das ações organizadas internacionalmente por sua libertação.
Somamos nossas vozes às de todos os democratas do mundo exigindo o fechamento da base de Guantânamo e que cessem imediatamente as violações aos direitos humanos ali praticadas contra presos indefesos. Quem viola os direitos humanos são os Estados Unidos e não Cuba.
Condenamos as campanhas midiáticas contra Cuba, assim como o bloqueio genocida aplicado contra seu povo por parte do imperialismo estadunidense.
Comprometemo-nos a romper os muros do silêncio, desmascarar as mentiras, e a promover a verdadeira realidade cubana e suas enormes conquistas de humanismo, que se expressam entre outras coisas na política internacionalista de seu povo e governo ao ajudar os mais necessitados deste mundo.
Ratificamos o compromisso de divulgar com objetividade o processo de atualização do modelo econômico socialista de Cuba, implementado por seu governo e com apoio de seu povo. Confiamos plenamente na capacidade deste e da direção da Revolução para atingir estas novas conquistas.
Felicitamos o povo cubano que, não obstante as dificuldades decorrentes do bloqueio, jamais negou sua mão solidária aos povos do mundo, seja com o envio de profissionais de alta competência em missões humanitárias nos mais longínquos e remotos pontos do globo, seja com a formação acadêmica de milhares de jovens dos países mais pobres.
Chegamos ao final desta 20ª Convenção após ter realizado atividades em 22 Estados do país, fortalecendo a corrente da solidariedade a Cuba e sua Revolução.

Este processo demonstrou:

1 - Que nas atuais condições de nosso país é possível ampliar o aporte do movimento de solidariedade ao incremento das relações bilaterais entre Brasil e Cuba.

2 - Que o movimento de solidariedade hoje está em condições de dar um salto de qualidade, com novos atores, com mais maturidade, renovada vontade de trabalho coletivo e o mesmo espírito unitário e solidário de sempre.

3 - Que é possível e necessário que em nossos 27 estados o espírito solidário brasileiro dê novas mostras de compromisso com a defesa da Revolução cubana e de seu povo, impulsionando ações pela libertação dos cinco heróis e contra o bloqueio.

Eles são apenas 1%. Somos milhões e estamos com Cuba!

Em defesa da autodeterminação, da integração latino-americana e caribenha e da paz!

Viva a amizade e a solidariedade entre o Brasil e Cuba!

Viva a irmandade entre nossos povos!

Fim ao bloqueio e libertação dos cinco heróis já!


Salvador, Bahia, 26 de maio de 2012

A 20ª Convenção Nacional de Solidariedade a Cuba

sexta-feira, 25 de maio de 2012

O que é ser Fidel Castro?


Pense no que é, e principalmente foi, ser Fidel Castro...
Cuba esteve no centro da Guerra Fria, acompanhou e sofreu de perto cada investida dos blocos capitalistas e socialistas.
A Ilha era a “menina dos olhos” da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Era o exemplo que deu certo, a porta de entrada para a América, no território do inimigo.
A Revolução Cubana foi uma revolta popular, do povo e para o povo. Quando a URSS resolve “financiar” Cuba, em 1961, o país já contava com um dos menores índices de analfabetismo do continente americano, uma Reforma Agrária avançada e um sistema médico já bem mais avançado que poucos anos antes. Ou seja, a Ilha era o exemplo ideal para a União Soviética, e melhor ainda, no quintal dos Estrados Unidos.
Então, pense no que foi ser Fidel Castro.
Acompanhar essa Guerra de perto, servir de exemplo, treinar militantes para revoltas em outros países, abrigar fugitivos de ditaduras, ficar em constante alerta sobre ataques que a qualquer momento poderiam acontecer, ter a poucos quilômetros de distancia seu maior inimigo.
Em 1961, quando Cuba foi invadida por cubanos dissidentes, financiados pelo governo americano, Fidel não hesitou em ir para a frente de batalha. Mesmo sendo presidente do país e sabendo do risco eminente que corria ele lutou ao lado do exército Rebelde. 
O mundo esteve a beira de uma guerra nuclear em 1962 depois da instalação de mísseis soviéticos na ilha de Castro, a “Crise dos mísseis”. O mundo sentiu a tensão daquele momento, mas não tanto quanto os cubanos.
Fidel foi a pessoa que mais sofreu tentativas de assassinato, ao todo 638, a maioria planejados pela CIA. E pense em quantos presidentes, inclusive alguns que tentaram assassiná-lo, ele enterrou.
Depois de sofrer o acidente em cerimônia realizada em Santa Clara, em 2004, e quebrado um braço e uma perna, Fidel se recusou a tomar anestesia geral para não perder a consciência e continuar tratando de seus afazeres. Mesmo na ambulância, no caminho ao hospital, o líder cubano realizou algumas ligações. O quarto virou seu escritório enquanto esteve internado, segundo suas próprias palavras: "Não parei de cumprir as tarefas pelas quais sou responsável, em coordenação com outros camaradas".
Depois de ter alta Fidel pegou sua arma, que anda sempre em sua cintura, desmontou e montou, para certificar que seu braço ainda estava apto para isso.
Cuba passa por um bloqueio econômico a mais de 50 anos e Fidel soube driblar e, de um jeito ou de outro, compensar os males dessa ação criminosa dos EUA.
Eram frequentes os ataques terroristas vindos de Miami, onde está a Little Havana, bairro de dissidentes cubanos que almejam tomar o poder de Cuba para voltar os cassinos, prostituição e tráfico, atividades comuns antes da Revolução. Não foram poucos os atentados contra Cuba.
Os constantes ataques midiáticos que o país sofre diariamente também deixaram de surpreender, dado a frequência com que acontecem. E como Cuba reage? Mandando médicos voluntários para outros países, desenvolvendo tecnologia, dentro do possível, remédios, exportando conhecimento.
Fidel, pra mim, é a pessoa mais influente do nosso século.
Fidel nunca abandonou a roupa de guerra, nunca parou de lutar.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Salvador Allende


Não lembro de ter escrito sobre. Talvez citado vez ou outra, mas nunca um texto sobre ele. Talvez por uma “proximidade” maior com o assunto Cuba, que me desperta curiosidade e admiração, acabou ficando em segundo plano.
Aqui na América Latina já passaram grandes lideranças. Nomes que ficarão para sempre na mente das pessoas, sempre como referências. Mas alguns se destacam, entre eles,  Salvador Allende.
Ele foi uma das figuras mais importantes da América Latina e sem dúvida entrou na história como um dos melhores presidentes do Chile.
Allende foi eleito presidente em 1970, representando a Unidade Popular, junção de várias forças de esquerda.
O governo de Salvador pretendia “construir uma sociedade socialista em liberdade, pluralismo e democracia”, como meio para essa sociedade o governo visava a nacionalização da economia, melhor condições para os trabalhadores e a Reforma Agrária.
Como era de se esperar, em plena Guerra Fria, o governo de Allende não foi bem visto pelo primo norte americano, que começou a boicotar o país. Além da política socialista, o governo de Salvador, como era de se esperar, se aproximou de governos de esquerda, inclusive do seu amigo Fidel Castro. No quintal dos EUA, Cuba já era uma afronta, eles não iriam tolerar mais nada parecido...
Então, com o apoio imperialista, as Forças Armadas, até então sem grandes participações políticas no país, derrubaram o governo socialista através de um golpe, em Setembro de 73.
Numa operação comandada por Augusto Pinochet o Golpe começou dia 11 de setembro, com um levante da Marinha.
Aos 65 anos, Allende recusou entregar seu posto aos militares. Como último e único ato possível naquele momento, visto que era inevitável o golpe, Salvador Allende se suicida com um tiro de AK-47, presente de seu amigo Fidel Castro, que trazia os dizeres "A Salvador, de seu companheiro de armas, Fidel Castro". Assim, Allende se torna a primeira vítima da ditadura chilena, uma das mais perversas de toda a América Latina, que durou 17 anos e deixou, no mínimo, três mil mortos e desaparecidos.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

A greve, os conservadores e os verdadeiros culpados.


O direito a greve foi conquistado e deve ser assegurado.
Com a paralisação dos trens e metrôs um ódio adormecido nos conservadores despertou. Tudo parece ser culpa dos trabalhadores da CPTM. As críticas, ao menos as que ouvi, se dirigiam aos trabalhadores. Mas quem realmente está errado?
Se os trabalhadores do metrô e trens pararam é por lutar por melhorias, não só pra eles, mas pelos usuários do transporte, nós. A greve é justa e o grande culpado é o governo do estado de São Paulo, representado pelo excelentíssimo governador Geraldo Alckimin.
Que as manifestações de revolta sejam contra o governo e não contra os trabalhadores ou sindicalistas que optaram pela greve.
A luta também é nossa!

terça-feira, 22 de maio de 2012

Eleição de Lula: um marco na história brasileira


Quando o assunto é política e o nome do Lula aparece, costumo dizer que, se ele, assim que eleito, partisse para uma viagem de quatro anos, sua eleição já seria, por si só, um marco na história brasileira.
A figura de Lula tem uma importância que muitas vezes passa despercebida por grande parte da população. Como falei, não estou aqui defendendo os oito anos de governo, mas sim o fato de ter sido eleito.
Basta olhar para o passado e traçar um histórico de todos nossos presidentes. A escolha partiu sempre de uma minoria que influenciou a maioria. Após o regime militar, mais de 20 anos de regime autoritário, o povo esqueceu que tinha voz, que tinha opinião. É só olhar os presidentes Collor e Fernando Henrique, dois “engravatados” que traziam em sua imagem, de intelectual da elite, a melhor opção para o Brasil.
O próprio Lula, em uma de suas falas, que tive o prazer de presenciar, disse que uma de suas maiores dificuldades era convencer o eleitor de votar em alguém como ele, um trabalhador. O povo não se achava merecedor...
Mas em 2002, finalmente, conseguiu se eleger. Depois de muito tentar, Luiz Inácio foi presidente do país, o povo votou e elegeu o ex-metalúrgico, líder sindical e retirante nordestino.
Aproveitando o gancho, uma breve história sobre a palestra deLázaro Cárdenas, cônsul cubano, que assisti no sindicato dos jornalistas, em São Paulo.
Na ocasião o cônsul disse que em Cuba a impressão é que agora tínhamos um comandante. Fazendo referencia a Fidel Castro, que mesmo com toda a campanha midiática contrária, se vale do carinho da grande maioria dos cubanos... Não foi um comandante como Fidel, que tinha essa imagem por conta da guerrilha, onde realmente era o comandante das tropas, mas a relação se deu enquanto a proximidade com o povo. Lula foi o grande comandante dos trabalhadores desde as greves do ABC.

Por isso volto a afirmar, sua eleição é um marco, um dos maiores do país e, sem dúvida, o maior depois da volta à democracia. Ainda acho que daqui uns anos, arrisco dizer uns dez, Lula será considerado um dos maiores presidentes do Brasil, mesmo sabendo que boa parte da população já divide comigo essa opinião...

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Um pouco do que aconteceu na convenção de solidariedade a Cuba


Em frente a mesa uma bandeira de Cuba, no final do auditório o rosto dos cinco heróis cubanos presos nos EUA.
Infelizmente, o público não era grande, como já esperava. Barba era quase que obrigatório, a boina é que não se mostra mais como item essencial. Os assuntos dos corredores, antes do início, são os mesmos de convenções como essa: política, sociologia, literatura, que acabam compondo o ambiente.
De fundo, antes de começar, clássicos cubanos tocam, alternando com hinos de países latinos. A música brasileira ficou por conta de Paulinho da Viola e Chico Buarque.
Com uma hora de atraso, começa a convenção, presidida pelo deputado Adriano Diogo.
Para início, o hino do Brasil. Logo depois o hino de Cuba, e para minha surpresa, A Internacional, com um coro geral e braços erguidos.
O primeiro a falar foi Lázaro Cárdenas, cônsul cubano, que começou com referencias a José Martí.
Ele destacou o bloqueio criminoso que a mais de meio século é imposto a Cuba. Disse que em seu país eles não têm muito, mas “nunca deixamos de compartilhar o que temos”. Lázaro falou também da exclusão de Cuba da cúpula das Américas.
Sobre as mudanças que estão ocorrendo em seu país, ele deixou claro que o que está acontecendo é uma atualização do sistema econômico e não da política.
Terminou sua fala afirmando que “um mundo melhor é possível”
Após seu pronunciamento o grupo de música Canto Livre se apresentou, que segundo seus integrantes, é uma resistência latina frente ao imperialismo através da arte.
O deputado estadual Simão Pedro destacou a importância do escritor Fernando Morais na “popularização da Revolução Cubana”. Falou também o “Alemão”, representante do PC do B, que tratou Cuba como exemplo no combate ao imperialismo, e falou da importância da reeleição de Hugo Chavez na Venezuela.
Falou também Elza Lobo, Idibal Pivetta e Paulinho (Ribeirão Preto).
A importância de Cuba para os militantes brasileiros durante a ditadura, tanto pelo treinamento de guerrilha quanto pela recepção, foi destacada tanto pela Elza como pelo Pivetta. Já Paulinho, que foi interrompido diversas vezes por aplausos efusivos por conta de sua fala, destacou o exemplo que Cuba dá ao mundo. Falou dos 55 mil cubanos voluntários que foram para Angola lutar na guerrilha. Falou também da ação internacionalista que até hoje é marca registrada da Ilha.
No final de sua fala, sugeriu um boicote às empresas brasileiras, ou com fábrica aqui no Brasil, que aderiram ao bloqueio. Ele citou duas, a Dell e a CVC.
O evento terminou com a carta oficial da Convenção Paulista de Solidariedade e mais duas músicas do Canto Livre. A última música foi o clássico Guantanamera, com todos cantando de pé e alternando o refrão com gritos de “Fidel, Fidel” e “Cuba Socialista”

“Hasta la victoria, siempre”

quarta-feira, 9 de maio de 2012

#CivitanaCPI


Enquete que saiu no Blog Conversa Afiada

O que o Robert(o) vai dizer na CPI?

I don 't speak Portuguese
Eu ainda derrubo o Lula
Quem manda é o Policarpo
Daniel Dantas é brilhante !
Sempre conversei com bandido
Murdoch sou eu !
Também sou quatrocentão
Se o Merval falou tá falado
O Lula tem conta na Suíça
Eu e o Serra, é assim ... ó
Quem anuncia na Veja sabe o que está comprando
Se eu pego esse Mino ...
O áudio tem grampo
Já caí fora da Abril faz tempo
Demóstenes para o Supremo !
Ah, se o meu pai me visse !

O momento é de crise


Publicado originalmente no blog Uma casca de noz

O Partido Neonazista Chryssi Avghi (Amanhecer Dourado) conseguiu uma vaga no Parlamento grego.
O espaço aparece num momento critico da economia europeia, e no caso, em especial da economia grega. O país se afunda em crise e a população não vê alternativa quanto a política atual.
A ideia xenófoba ganhou adeptos e a postura “linha dura” contra a crise já se apresenta como opção para alguns gregos.

É inevitável as comparações com os grandes ditadores, em especial de Adolf Hitler, já que falamos de um neonazismo. Agora, me permito pensar: até que ponto essa “liberdade partidária” ou liberdade de expressão, como preferirem, deve ser aceitável?

Segundo Caio Prado Jr., no seu livro “O que é liberdade”, no atual sistema neoliberal nossa liberdade se limita em relação a liberdade do outro, ou seja, sou livre até o ponto onde não prejudico sua liberdade, claro que isso tem falhas como destacado no trecho do livro: “Esquecem-se contudo no argumento, ou fingem esquecer, o outro lado da liberdade de cada indivíduo, e que é “liberdade” dos outros que a contrabalança; e que se tem por titular um indivíduo desproporcionalmente mais forte (situação que é da essência de uma sociedade em que ombreiam possuidores e não possuidores) pode anulá-la por completo, e de fato a anula.”. Mas não é esse o ponto central do texto.
O importante aqui é discutir até que ponto se justifica a liberdade desse partido. Não posso simplesmente fazer referencia a um dos piores momentos da nossa história (Nazismo) sem que nada seja feito.
Aqui não estamos mais falando de direita ou esquerda, mas de xenofobia, de racismo e todas outras violações dos direitos humanos. A história vem para provar que momentos como esses, de crise, são delicados e tem força para despertar preconceitos e ações extremistas.
Permitir que partidos como esse surjam é se permitir cometer os erros passados.
O momento é de crise, precisamos ficar atentos!

“Quem se queixa do presente e teme o futuro, corre o risco de se refugiar no passado – onde se abrigam os fantasmas de Hitler e Mussolini”  Frei Betto.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Uma elite metida a besta, é isso que temos.


Hábitos de compras toscos. Shoppings, lojas e galerias que surgem a cada dia para dar opções às compras das madames. Para alguns menos avisados, isso pode soar como desenvolvimento, vejam vocês, agora temos a loja de tal marca que até ontem só tinha no exterior. Que progresso!

Temos um povo que trabalha muito e luta para ter um pouco. Nosso governo, não tiro o mérito e a grande importância que tem, vem ajudando na diminuição dessa desigualdade. Mas não podemos esquecer da enorme lacuna que separa as classes sociais aqui no Brasil.
Nossa política e a mídia (não só, mas principalmente) estão nas mãos desse seleto grupo de senhores que não farão absolutamente nada para mudar essa realidade, afinal de contas, do que servirá ter um desses carrões que lançam todos os anos, se todos tiverem? Ou, imaginem só, levar para frente a discussão sobre educação e lutar para melhorá-la. Se assim fizerem, correm o risco de perderem seus eleitores e sua audiência...
Nossa classe B já se irrita com esses novos consumidores que surgiram nos últimos anos. Eles não conseguem entender como é possível que hoje eles tenham que dividir as lojas dos shoppings, os cinemas ou os lugares nos aviões. Não conseguem pensar por qualquer lado que não seja estarem perdendo seu “diferencial”.
 
Um país em que a elite manda e desmanda, mas uma elite burra. Que acha que faz muito em se sensibilizar com as crianças que passam fome na África, mas finge não enxergar, quando, dentro dos seus carros, passam por uma criança pedindo ajuda no farol. Fechados em suas casas, ligam na novela da Globo e acham que ali conhecerão o país que vivem e que julgam participar.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Seu direito a herança


Já devo ter falado disso em outro texto, mas achei conveniente reforçar.
Sou contra o direito a herança!
E não me venham com moralismos do tipo “fala isso, pois não tem pai rico, dono de empresa”, não, não é por isso que faço essa afirmação.
Há um ciclo que move a lógica capitalista, e esse mesmo ciclo gera cada vez mais desigualdades. O filho de rico, será rico, pois o pai deixará para ele tudo que tem (que muito provavelmente, foi herdado do seu avô e assim sucessivamente...) já o filho do pobre não tem o que herdar.
Não é preciso pensar muito pra perceber que, enquanto esse direito for assegurado, sempre a mesma minoria irá deter o poder econômico.
Que se tenha o exemplo! O exemplo do pai que batalhou para ter o que tem e que espelha no filho essa vontade. Afinal de contas, todo o homem nasce e livre e iguais em direitos, não é? Ao menos é esse o princípio liberal, que tanto falam os donos das riquezas...

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Futebol – Os 22 milionários


Não gosto muito de futebol, poucas vezes disponho do meu tempo para “apreciar” esse esporte. Sei que parece meio radical, na verdade é, mas não acho que o esforço que eles têm vale todo o dinheiro que eles recebem, além de achar que 90 minutos é muito tempo pra ficar assistindo tudo aquilo... Enfim, não é disso que vou falar. A introdução foi só pra justificar o que virá.
Dias atrás, em conversa com um professor, todo meu conceito sobre futebol mudou, agora garanto a vocês que não perderei mais um jogo sequer!
Pense na beleza, e na oportunidade, que é o futebol.
É o momento, talvez único, que terei o privilégio de ver 22 milionários correndo, suando, fazendo esforço! Dias de chuva nem se fala, deveria ser obrigatório todos os trabalhadores assistirem, imaginem só: além de cansados, estarão sujos, na lama! Uma realização!
Depois do jogo eles voltam às suas mansões, nos carros importados, ou vão para festas e gastam muito mais do que muitos trabalhadores ganham no mês, ai voltamos com nossa indignação enquanto aguardamos, ansiosos, o novo duelo de milionários...

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Tem gente com fome


de Solano Trindade 

Trem sujo da Leopoldina
correndo correndo
parece dizer
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome

Piiiiii

Estação de Caxias
de novo a dizer
de novo a correr
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome

Vigário Geral
Lucas
Cordovil
Brás de Pina
Penha Circular
Estação da Penha
Olaria
Ramos
Bom Sucesso
Carlos Chagas
Triagem, Mauá
trem sujo da Leopoldina
correndo correndo
parece dzier
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome

Tantas caras tristes
querendo chegar
em algum destino
em algum lugar

Trem sujo da Leopoldina
correndo correndo
parece dizer
tem gente com fome
tem gente com fome
tem gente com fome

Só nas estações
quando vai parando
lentamente começa a dizer
se tem gente com fome
dá de comer
se tem gente com fome
dá de comer
se tem gente com fome
dá de comer


Mas o freio de ar
todo autoritário
manda o trem calar
Psiuuuu

segunda-feira, 26 de março de 2012

Cuba e a visita do Papa


O Papa chega a Cuba nessa segunda.
Não vou me estender falando da importância que esse evento tem, até porque não sei se é tão significativo assim, a não ser é claro, pelo assunto que será abordado pelo representante máximo da igreja católica.
Segundo o que sabemos até agora, o discurso do papa será “sutil”, mas ele falará dos direitos humanos, com destaque, como manda o figurino, para a liberdade de expressão.
Primeiro, o Papa falando em liberdade de expressão?  Será que ele esquece que a igreja, agora falo de todas elas, são as instituições que mais ditam regras e impõe limites? Só para ficar mais ‘palpável’ e próximos dos brasileiros, vejam o que estão falando sobre aborto ou casamento homossexual. Isso não é privar a liberdade de expressão, o direito individual?
Quanto a liberdade de expressão em Cuba, eu tenho uma opinião, às vezes, adversa quanto a maioria, mas não entrarei em detalhes agora, mas adianto que boa parte do que falam faz parte de mais uma tentativa de desestabilizar a ilha.
Em contrapartida, o Papa disse que será mais uma voz contra o embargo econômico imposto pelos EUA.
Resta saber o que terá mais peso depois da visita de Bento XVI, se será o fim do embargo ou a liberdade de expressão na ilha...

quarta-feira, 14 de março de 2012

Nuestro deber es luchar


Fruto de uma conversa de mais de 9 horas, entre o comandante Fidel Castro e mais de cem intelectuais de 22 países, o livro Nuestro deber es luchar foi lançado nessa quarta-feira no portal Cubadebate, e está disponível para download AQUI .
"Constitui uma contundente reflexão sobre os perigos que ameaçam o planeta e a própria espécie humana", escreveu o site.
Sobre o evento e algumas fotos do encontro aqui.

"É preciso lutar, não podemos nos deixar vencer pelo pessimismo. É nosso dever", Fidel.

terça-feira, 13 de março de 2012

PUC, igreja e repressão


Em mais uma demonstração de conservadorismo, um representante da igreja católica, o bispo emérito de Guarulhos, d. Luiz Gonzaga Bergonzini, disse que os professores com ideias contrárias a da Igreja Católica não devem lecionar na PUC. De acordo com o bispo, professores favoráveis ao aborto, com “ideologia homossexual” ou “comunistas” deveriam se desligar da universidade.
Segundo a presidente da Associação dos Docentes da PUC-SP (AproPUC), Maria Beatriz Costa Abramides "Sempre lutamos por uma universidade laica e plural. Temos de defender pesquisa, investigação e conhecimento voltados para os interesses da população, não ligados a uma religião.”

Fonte Estadão

Bom, há tempos que demonstro minha opinião em relação a certas atitudes conservadoras da igreja (aqui não falo somente da católica) e agora não podia ser diferente.
Fica claro que o objetivo do bispo em questão, que representa a igreja, é de alienar seus “fiéis” e, nesse caso, os estudantes da PUC. O debate não é, sequer, cogitado. A atitude é taxativa, somos contra, logo, não queremos discutir.
Então caímos num assunto importante, mas pouco discutido quando falamos de universidades e faculdades, qual o real papel dessas instituições?
Levando em conta suas origens, quando, há muito tempo atrás, só existia a faculdade de filosofia, o conceito era “ensinar a pensar”, era levar o conhecimento para que os alunos tirassem suas próprias conclusões. Muito diferente do que está sendo proposto pelo D. Luiz.
Falando especificamente da PUC. A universidade sempre foi uma instituição de lutou pelos seus direitos, que se expressou mesmo quando o país passava por um de seus piores momentos, a ditadura militar. Exemplo disso foi a invasão do campus pela polícia na década de 70, onde estudantes e professores foram presos pelo regime.
Sei que não deveria, mas me surpreendo com certas atitudes da igreja católica. Acho que por lembrar das Comunidades Eclesiais de Base, ou de representantes como o Frei Betto ou Frei Tito, que lutaram contra a ditadura com todas suas forças e, muitas vezes, contra a própria igreja católica. Ou nas greves do ABC onde os trabalhadores, em certas situações, se escondiam da polícia na igreja de São Bernardo.

Não entro na discussão sobre os temas que a igreja quer proibir, mas na proibição. É medieval que essa instituição proíba debates. A PUC, assim como as demais instituições de ensino, prestam serviços a sociedade, e não a interesses de um ou outro grupo, ao menos era assim que deveria ser...

quarta-feira, 7 de março de 2012

PIB? E eu com isso?


Não me venham falar do PIB, confesso que pouco me interessa saber da nossa “riqueza”. Para mim, soa como se falassem da poupança do Eike Batista, só para citar um brasileiro, mas poderia ser outro bi ou milionário.
Não importa saber se cresceu 2,7%, 10 ou 1.000%, enquanto isso ficar concentrado nas mãos de poucos, de nada importa, que o PIB seja negativo!!
É o mesmo que falar de renda per capita. Suponhamos calcular a renda per capita de 10 pessoas, ai eu digo que a renda é de 100 por pessoa. Mas isso é a média, ou seja, pode ser que 5 pessoas recebam 200 e 5 não recebam nada.
O que nos interessa mesmo é saber da distribuição de toda essa riqueza. O que importa é saber o que o trabalhador, que gera todo esse lucro, está ganhando em troca. 

Por uma melhor distribuição das riquezas!

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Comissão da Verdade paulista é instalada nesta terça-feira



São Paulo - Enquanto a Comissão Nacional da Verdade não é nomeada, será instalada nesta terça-feira (28), a sua versão paulista. Composta pelos deputados Adriano Diogo (PT), Marcos Zerbini (PSDB), André Soares (DEM), Ed Thomas (PSB) e Ulysses Tassinari (PV), a comissão pretende investigar principalmente mortes e desaparecimentos políticos ocorridos no Estado durante a ditadura militar.
Com um caráter diferente da comissão nacional prevista na lei 12.528, aprovada no ano passado, a Comissão da Verdade do Estado de São Paulo pretende contribuir com o levantamento de depoimentos, testemunhas, documentos públicos e judiciais sobre violações aos Direitos Humanos ocorridos no período.
A comissão, hegemonizada por partidos da base do governo de Geraldo Alckmin (PSDB), foi nomeada pelo presidente da Assembleia Legislativa, o também tucano Barros Munhoz. O autor da resolução que criou a comissão, deputado Adriano Diogo (PT), que deve ser eleito seu presidente, afirmou que tentará fazer alterações na sua composição, mas acredita que, mesmo se o perfil conservador for mantido, o trabalho da Assembleia paulista poderá dar a sua contribuição ao resgate desse período da história brasileira.
Na quinta-feira (01), haverá uma sessão especial para abertura da comissão, às 19 horas, na Alesp. Em seguida, será exibido um vídeo sobre a vida do deputado Rubens Paiva, desaparecido no período militar. A investigação abarcará os anos de 1964 a 1982, já que os tucanos colocaram como condicionante para aprovação da resolução que a comissão não investigasse o governo de Franco Montoro (1983 a 1987). O prazo de funcionamento é de dois anos, mas com possibilidade de extensão deste prazo.

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Opinião...

Vamos lá, vejam se estou errado, se é coisa da minha cabeça ou algo que o valha.
A investigação será do período que vai de 1964 até 1982, pois “os tucanos colocaram como condicionante para aprovação da resolução que a comissão não investigasse o governo de Franco Montoro (1983 a 1987)”.
Pra quem não sabe Montoro foi um dos fundadores do PSDB...
Se, para que seja aprovada a Comissão os tucanos colocam com exigência NÃO investigar Franco Montoro, é justamente ele que deve ser investigado.
Quem não deve não teme, ditado antigo, mas válido, que cabe muito bem à situação.
Até porque, se trata da Comissão da Verdade, isso mesmo VERDADE!

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Para não causar conflito


É muito mais cômodo sentar e ler o que todos lêem. Ou assistir o que todos assistem.
Assim não se discorda.
Conflito de ideias nos faz pensar, o que não é tarefa fácil, cansa, desgasta...
Refletir está meio démodé.
Que se continue como está, um bando passivo. Como o gado para o abate.
Assim não perturbamos a ordem dos grandes senhores. Isso os faria irritados...

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

O alimento da direita


A direita neoliberal sobrevive das exceções. É ótimo para eles que alguém, que veio de baixo, sem condições, consiga grandes feitos, pois é nessa hora que ouvimos “está vendo, todo mundo é capaz, é só se esforçar”, ou “esses programas do governo de vagas para os mais pobres ou as cotas são ruins, só reforçam o preconceito, não viu o fulano de tal, que passou sem ajuda nenhuma?”.
O último caso foi o da Laíssa, catadora de papel que passou na USP. Todo mérito para ela, parabéns pelo seu esforço e superação, mas isso não quer dizer que todos que estão na mesma condição dela conseguirão as mesmas conquistas. E não porque são incapacitados, mas por um descaso do Estado que não dá condições para tal.
Se hoje existem menos médicos negros do que brancos não é por incapacidade dos negros. Ou que nas faculdades e universidades a grande maioria dos estudantes são de classe média alta seja porque os ricos são mais esforçados.
Não se engane por aquele primo que nasceu em família pobre e hoje é advogado.
Isso tudo é propagando do neoliberalismo, que sempre que pode reforça o individualismo, o “salve-se quem puder”, que estimula a competição e a conquista pessoal.
Seremos felizes de verdade quando notícias como do caso da Laíssa não renderem tanto alarde, quando isso se tornar comum. Quando todos tiverem as mesmas condições. E para isso precisamos distribuir renda, criar cotas sim,  criar programas como o Prouni e o Enem.
Só a vontade não garante uma conquista. É preciso comida, trabalho, casa, escola, saúde... é preciso condições, é preciso um Estado presente, preocupado, responsável.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

O novo tempo do PT


Texto publicado na Agência Carta Maior
O novo tempo do PT, a priori amadurecido pelas crescentes conquistas eleitorais, impõe uma movimentação vital: promover um balanço crítico da estratégia do partido, questionando “se as mudanças experimentadas não comprometem seu horizonte estratégico, seus compromissos com a democracia e o socialismo.”
Cláudio André de Souza*
É inegável na ciência política e nas demais ciências sociais a pujança da agenda de pesquisa que aliou nas últimas décadas temas como democracia, partido, políticas públicas, movimentos sociais, cultura, representação política, entre outros, a “novidade” que se tornara o Partido dos Trabalhadores (PT) no cenário político brasileiro.
O reconhecimento de sua importância em âmbito acadêmico deve-se, sobretudo, a sua origem extraparlamentar de atuação junto as bases e a forte ligação com a sociedade civil. Desde sua fundação, o PT defende um projeto socialista ligado a criação de uma democracia direta, aproximando-se às demandas sociais de igualdade e socialização dos meios de produção, e, sem dúvida, diante da ordem vigente.
Embora saibamos do pluralismo politico de suas tendências internas, a criação do PT soube combinar a radicalização de um projeto audacioso para o seu tempo com um profundo realismo politico adaptado a seara institucional. Programaticamente, o partido nasceu vocacionado a institucionalidade, mesmo reiterando nos primeiros encontros do partido a sua posição firme em ocupar os parlamentos, que deveriam estar subordinados as lutas sociais dos trabalhadores e das demais massas exploradas.
Esse “espírito” de inversão de prioridades levou o partido a formular políticas públicas identificadas com um processo de inovação democrática caracterizado, dentre outras questões, com o fortalecimento de espaços públicos e da participação direta da sociedade civil no processo decisório das instituições subnacionais.
O acúmulo de capital político traduzida em sucessivas vitórias eleitorais no inicio dos anos 2000 credenciou o partido a “radicalizar” a tática de ampliação do leque de alianças e, portanto, a apresentar em 2002 uma coligação com predominância dos partidos tradicionalmente apoiadores do PT, mas, no entanto, incluindo forças sociais e políticas conservadoras amplificadas dentro e fora dos partidos. A síntese entre capital e trabalho revelou a tensão entre os novos e velhos compromissos do PT.
O novo tempo do partido diz respeito a consolidação de um projeto político contraditório, evidenciando tensões em três níveis, o de demandas históricas da esquerda marcadas pela crítica ao liberalismo; manutenção de medidas neoliberais e a condução de políticas de bem-estar social.
O novo tempo do PT, a priori amadurecido pelas crescentes conquistas eleitorais, impõe uma movimentação vital: promover um balanço crítico da estratégia do partido, questionando “se as mudanças experimentadas não comprometem seu horizonte estratégico, seus compromissos com a democracia e o socialismo.” (Emiliano José, A Tarde, 16/01/2012). Sem se perder no passado, o PT deve olhar o futuro, compreendendo as tensões inerentes ao contexto histórico, posicionando-se diante da sua própria história nos últimos 32 anos.

(*) Cientista político, professor e Doutorando em Ciências Sociais pela UFBA.
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Minha opinião

Faz um tempo que penso sobre o atual posicionamento político do Partido dos Trabalhadores. Um partido que teve sua formação na base da sociedade não pode esquecer suas origens... Acredito e sei da importância de certas medidas tomadas pelo partido, como algumas alianças e concessões. Como se costuma dizer, às vezes é preciso se submeter a certas situações para que se consiga alguma mudança. O discurso radical, do “PT original”, não estava fazendo efeito e o partido não conseguia espaço para propor mudanças. Com a adaptação do discurso e as alianças políticas o PT chegou ao poder e, mesmo que não tenha feito tudo que pretendia, conseguiu realizar significativas mudanças.
Mas agora o tempo é outro. O Partido dos Trabalhadores está maduro, ganhou espaço e respeito. Isso o legitima a tomar certas atitudes mais “radicais”, isto é, já podemos falar não! Não precisamos fazer alianças com qualquer um só para ganhar uma prefeitura.
As mudanças foram necessárias, mas não implica numa mudança ideológica. O mundo pede uma nova política. A América Latina desponta nesse sentido e dá exemplos a outras nações. Não podemos perder essa maré de governos progressistas por conta de atitudes irracionais que visam somente o poder. Costuma-se falar em “aliança estratégica” e não “aliança ideológica”, mas sabemos que essas alianças estratégicas não são de graça. Não podemos correr o risco de se vender a políticos neoliberais que sempre lutaram e lutam, contra o projeto de governos petistas.
Sobre isso, o texto “A esquerda brasileira” discorre um pouco sobre a questão da esquerda no Brasil e o papel do PT na conquista desse espaço. Eu insisto em acreditar na transformação que o partido propõe, mas sei que as dificuldades que as alianças políticas propiciam são grandes.