terça-feira, 13 de março de 2012

PUC, igreja e repressão


Em mais uma demonstração de conservadorismo, um representante da igreja católica, o bispo emérito de Guarulhos, d. Luiz Gonzaga Bergonzini, disse que os professores com ideias contrárias a da Igreja Católica não devem lecionar na PUC. De acordo com o bispo, professores favoráveis ao aborto, com “ideologia homossexual” ou “comunistas” deveriam se desligar da universidade.
Segundo a presidente da Associação dos Docentes da PUC-SP (AproPUC), Maria Beatriz Costa Abramides "Sempre lutamos por uma universidade laica e plural. Temos de defender pesquisa, investigação e conhecimento voltados para os interesses da população, não ligados a uma religião.”

Fonte Estadão

Bom, há tempos que demonstro minha opinião em relação a certas atitudes conservadoras da igreja (aqui não falo somente da católica) e agora não podia ser diferente.
Fica claro que o objetivo do bispo em questão, que representa a igreja, é de alienar seus “fiéis” e, nesse caso, os estudantes da PUC. O debate não é, sequer, cogitado. A atitude é taxativa, somos contra, logo, não queremos discutir.
Então caímos num assunto importante, mas pouco discutido quando falamos de universidades e faculdades, qual o real papel dessas instituições?
Levando em conta suas origens, quando, há muito tempo atrás, só existia a faculdade de filosofia, o conceito era “ensinar a pensar”, era levar o conhecimento para que os alunos tirassem suas próprias conclusões. Muito diferente do que está sendo proposto pelo D. Luiz.
Falando especificamente da PUC. A universidade sempre foi uma instituição de lutou pelos seus direitos, que se expressou mesmo quando o país passava por um de seus piores momentos, a ditadura militar. Exemplo disso foi a invasão do campus pela polícia na década de 70, onde estudantes e professores foram presos pelo regime.
Sei que não deveria, mas me surpreendo com certas atitudes da igreja católica. Acho que por lembrar das Comunidades Eclesiais de Base, ou de representantes como o Frei Betto ou Frei Tito, que lutaram contra a ditadura com todas suas forças e, muitas vezes, contra a própria igreja católica. Ou nas greves do ABC onde os trabalhadores, em certas situações, se escondiam da polícia na igreja de São Bernardo.

Não entro na discussão sobre os temas que a igreja quer proibir, mas na proibição. É medieval que essa instituição proíba debates. A PUC, assim como as demais instituições de ensino, prestam serviços a sociedade, e não a interesses de um ou outro grupo, ao menos era assim que deveria ser...

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