quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

O alimento da direita


A direita neoliberal sobrevive das exceções. É ótimo para eles que alguém, que veio de baixo, sem condições, consiga grandes feitos, pois é nessa hora que ouvimos “está vendo, todo mundo é capaz, é só se esforçar”, ou “esses programas do governo de vagas para os mais pobres ou as cotas são ruins, só reforçam o preconceito, não viu o fulano de tal, que passou sem ajuda nenhuma?”.
O último caso foi o da Laíssa, catadora de papel que passou na USP. Todo mérito para ela, parabéns pelo seu esforço e superação, mas isso não quer dizer que todos que estão na mesma condição dela conseguirão as mesmas conquistas. E não porque são incapacitados, mas por um descaso do Estado que não dá condições para tal.
Se hoje existem menos médicos negros do que brancos não é por incapacidade dos negros. Ou que nas faculdades e universidades a grande maioria dos estudantes são de classe média alta seja porque os ricos são mais esforçados.
Não se engane por aquele primo que nasceu em família pobre e hoje é advogado.
Isso tudo é propagando do neoliberalismo, que sempre que pode reforça o individualismo, o “salve-se quem puder”, que estimula a competição e a conquista pessoal.
Seremos felizes de verdade quando notícias como do caso da Laíssa não renderem tanto alarde, quando isso se tornar comum. Quando todos tiverem as mesmas condições. E para isso precisamos distribuir renda, criar cotas sim,  criar programas como o Prouni e o Enem.
Só a vontade não garante uma conquista. É preciso comida, trabalho, casa, escola, saúde... é preciso condições, é preciso um Estado presente, preocupado, responsável.

Nenhum comentário:

Postar um comentário