quarta-feira, 26 de maio de 2010

Uma TV de todos. É... acho que não.

A televisão é o meio mais popular dentre os brasileiros, mesmo com o advento da internet, e as mídias mais tradicionais: radio, revistas e jornais, a televisão permanece no seu posto de mais popular.
Não é de hoje que ouvimos grandes pensadores e formadores de opinião criticarem a programação da TV aberta, mas a maioria desses teóricos não levam em consideração que, quando surgiu a TV ela veio como forma de entretenimento, e não como uma grande formadora de opinião de massa, ou preocupada com uma difusão cultural e intelectual. O papel da Tv é entreter.
Mas vamos a um segundo ponto. Dado a grande visibilidade da TV e sua força frente aos telespectadores, até que ponto ela deve servir pura e simplesmente como fonte de entretenimento? E quando ela sai desse patamar, com os jornais e noticiários, qual a preocupação dela com as noticias, até que ponto ela é imparcial, se é que tentou ser algum dia?
Não podemos isentar a Tv da responsabilidade que ELA assumiu, embora na sua formação não era esse o objetivo. A televisão não se contenta em passar apenas diversão, ela que passar noticias, dar opiniões. Até que ponto o “show da vida” contribui para uma formação intelectual dos milhares de brasileiros que assistem?
Acredito e defendo a ideia de que todos deveriam ter algum ideal político ideológico, acho necessário para nossa formação e do país em que vivemos, mas a TV usa de seu poder para influenciar milhares de brasileiros a acreditarem no que ela quer que acreditem. Sei que os “grandes” da TV tem suas ideologias e convicções, mas não acho correto e ético utilizar da popularidade da TV para divulgar esse ideal e convencer seus telespectadores. Sou a favor de uma TV democrática e ética, com o compromisso da verdade, que se preocupe com os fatos, que se preocupe em mostrar os dois lados da ideia, promova debates sérios, justos.
Nada disso seria necessário se a Televisão permanecesse no seu ideal de entreter, mas ela quis mais, agora deve arcar com suas responsabilidades.
Não só a Tv, mas os outros meios de comunicação, radio, revistas e jornais por exemplo, formam uma industria cultural que empurram seus valores para a população.
Eles ditam como as coisas devem ser, como devemos pensar, o que é certo e errado. São estruturas pré-montadas que atendem à uma elite. Os formatos da programação e edição no mudam, são os mesmos. Quanto aos conteúdo, esses são vulneráveis dentro de um ideal comum, mas sempre de acordo com um elite controladora.
Agora, até que ponto a programação se adequa ao seu publico e até que ponto a TV dita seus valores? Qual a relação entre ideal para o publico e ideal para o meio?
É claro que a TV usa de um gosto comum do publico, e não só a TV, mas os outros meios de comunicação, mas é através desse gosto comum que a programação é adequada para os valores das elites. Se constrói uma relação de dialética, a construção das programações são feitas para agradar ao público, até porque elas dependem da audiência, mas é dentro desse modelo que a TV mostra seus valores.
Existe uma nivelação por baixo, é feito algo para abranger um grande contingente, por isso são superficiais, seguem um mesmo modelo, e dentro desse modelo são embutidos os valores.
Até que ponto estamos sendo simplesmente entretidos pela TV? Até que ponto pensamos como os meios de comunicação querem?
Experimente comparar uma matéria sobre o mesmo assunto na revista Veja e na Carta capital. É nítida a diferença.
Ou seja, se uma mesma noticia pode ser passada de forma diferente é essas são passiveis de escolha, é o povo quem decide em quem deve acreditar ou o que ler. Ou seja, não é o publico que escolhe o que quer ver, formando assim sua opinião independente das mídias? Não. Mesmo com opiniões diferentes, são opiniões elitizadas, e suas escolhes se resumem dentro desse universo, são opiniões de uma minoria. Em um mesmo dia vários fatos acontecem, mas só são transmitidos alguns, já nesse filtro nós deixamos de saber de algumas coisas, além do modo que esses fatos são contados.
E como mudar essa estrutura?
A seleção de fatos é inevitável. É impossível contar todos os acontecimentos do Brasil e do mundo em poucas paginas ou em minutos. Mas é nesse filtro que estão as mudanças. Quando um jornal, ou novela e programas, saírem de seus moldes e decidirem passar outro tipo de conteúdo, talvez, tenhamos uma maior diversidade de escolha. E por que isso não acontece? Pois são estruturas de sucesso, dão audiência. E é isso que os grandes querem. É muito arriscado mudar só para tornar os meios de comunicação mais justos, só para dar uma nova opção para o povo. Mais uma vez, são os pensamentos das elites.