quinta-feira, 1 de julho de 2010

O voto por impulso.

Nossa legislação é bem clara quando estabelece regras referentes à campanha eleitoral, como a regra que diz que nenhum partido pode ter candidato antes das convenções (que só são autorizadas após 10 de junho) e ninguém é livre para dizer que é, qualquer atitude contrária a isso será punida.
Porém, essas regras não são respeitadas de fato. E isso é bom. Pense que se não fosse assim você teria apenas 90 dias para decidir quem iria governar seu país durante 4 anos. Ou seja, antecipar a propaganda é dar mais tempo para o eleitor avaliar os candidatos e decidir em quem votará.
Esse período “ilegal” das campanhas acaba dia 5 de julho, que é quando alguns meios de comunicação são liberados: carros de som, alto-falantes na porta de comitês, comícios, outdoors. Agora sim, dia 17 de agosto está tudo liberado, o rádio e a televisão ficam a disposição dos candidatos. Só que agora, os candidatos só terão um mês e meio para apresentar suas propostas, Dilma e Serra terão 17 oportunidades de se apresentar em 7 a 10 minutos de programa eleitoral.
Os programas eleitorais deixam de ser meios de difusão de uma ideologia partidária e passam a ser publicidade, o que acontece é a venda de um produto. Não existe tempo para uma discussão ideológica, sobre o programa de governo, algo mais explicado e detalhado. O único tempo dado é preenchido com propostas e promessas, não existe uma real apresentação da doutrina partidária, como deveria ser.
É quase que impossível um voto consciente dentro desse modelo de campanha. O voto obrigatório e o pouco tempo de campanha forçam a população a votar por impulso, sem uma análise própria, força o cidadão a seguir o voto do amigo ou parente, e no final a “votar porque tem que votar”, não é por acaso que o voto está desvalorizado, esse direito que tanto demorou a ser conquistado se tornou um programa chato de domingo.


Baseado no texto “Os três tempos da campanha “ de Marcos Coimbra, publicado na revista “Carta Capital”

Nenhum comentário:

Postar um comentário