quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

A justiça, ou não, do passe livre


“Uma das principais bandeiras do movimento é a migração do sistema de transporte privado para um sistema público, garantindo o acesso universal através do passe livre para todas as camadas da população.” MPL (Movimento Passe Livre)

A questão do aumento abusivo das passagens de ônibus, trens e metrôs em todo o país trouxe algumas outras discussões, algumas delas muito complexas.
Dentre as questões levantadas pelo movimento, o direito ao passe livre, na minha opinião, é a mais delicada.
Como o próprio movimento afirma, eles querem garantir o “acesso universal através do passe livre para todas as camadas da população”, mas se pensarmos em questão de igualdade, é justo que aquele que pode pagar passagem deixe de pagar, igual aquele que não pode realmente?
Um conceito interessante sobre igualdade é dado por Raul Castro em um de seus discursos. Ele diz que igualdade não deve ser confundida com igualitarismo. Com o igualitarismo não existe incentivo, merecimento, reconhecimento, é igual para todos e pronto, não leva em consideração os méritos e situações de cada um. Igualdade é justiça, é levar em consideração todas essas ações acima citadas, é ser honesto com a necessidade de cada um.
Pensando nessa linha de igualdade, é justo com aquele que realmente não pode pagar uma passagem, que o outro que pode também não pague?    
Essa medida não reduz as diferenças sociais, pelo contrário, só aumenta. O rico passará a ter as mesmas vantagens que o pobre, que precisa muito mais. Isso não é justiça nem igualdade.
Talvez o movimento não devesse ser tão generalista, talvez o direito ao passe livre tivesse um público mais seleto e que realmente precisasse, como: desempregados, aposentados e trabalhadores que ganham até certa renda, ai sim estamos pensando em justiça e igualdade de direitos.
A briga para o não aumento das passagens é justa, essa deve continuar. Nesse caso sim, o governo poderia entrar com subsídios para evitar os aumentos, mas lutar para o não pagamento das passagens... Acredito não ser esse o caminho.

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