terça-feira, 12 de julho de 2011

A cobertura da Mídia

Texto publicado no Portal Vermelho sobre corrupção traça a importância que a mídia tem na cobertura desse assunto.
Não podemos esquecer que, quando ficamos sabendo de alguma notícia, por trás de cada informação tem a percepção de quem passa, o fato é único, mas as interpretações são variadas, e são esses pontos de vistas que chegam até o espectador. Pensando nisso, no peso dado a cada informação, devemos tomar cuidado ao ver, ler ou ouvir uma notícia.
Longe de justificar os escândalos que horas surgem simplesmente por uma cobertura tendenciosa da mídia, mas como eu disse, devemos nos atentar aos fatos.
No artigo abaixo o antropólogo Marcos Otávio Bezerra diz que a mídia pode “aumentar a sensação de que estamos diante de uma situação catastrófica” e é pra isso que devemos nos atentar. Ficar refém da grande mídia pode te fazer viver num mundo que, nem sempre, é tão ruim assim.

Abaixo segue o artigo:

Por que a mídia diz que a corrupção aumentou no governo Lula?
Não há como saber se a corrupção aumentou no Brasil durante o governo Lula. A avaliação é do cientista político Ricardo Caldas e do antropólogo Marcos Otávio Bezerra, que participaram nesta segunda-feira (11) de uma mesa redonda sobre o custo da corrupção para o Estado brasileiro, programada para a primeira tarde de discussões da 63ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que ocorre em Goiânia.

Ricardo Caldas, que é professor da Universidade de Brasília (UnB), ressaltou que a corrupção é um fenômeno global e que instituições multilaterais como o Banco Mundial e o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) não registram nenhuma variação da incidência da corrupção no Brasil. Segundo Caldas, esse tipo de informação não é precisa — mas baseada, sobretudo, na percepção da população e na cobertura da imprensa.
A mídia é que pode “aumentar a sensação de que estamos diante de uma situação catastrófica”, disse Marcos Bezerra, que é professor da Universidade Federal Fluminense (UFF). O efeito disso é o tratamento moralista da política, “como se o único problema fosse a corrupção”. Questões como a execução do programa de governo não entram em discussão pública. “Faz-se um uso social e político da corrupção”, alertou o antropólogo.
Bezerra defende que, em vez do apelo moral, a questão seja vista sob o aspecto institucional. O exemplo que usou foi o das relações dos parlamentares do Congresso Nacional. Segundo ele, o desempenho do político é avaliado pela capacidade de trazer benefícios para a localidade de sua base eleitoral, por meio da apresentação de emendas no Legislativo e, posteriormente, da liberação do Orçamento pelo Executivo.
O antropólogo lembra que as empresas privadas reforçam essas relações ao incluir projetos de seus interesses na formulação das demandas, apresentação de projetos e liberação de recursos. Ele assinala, no entanto, que o Estado brasileiro tem instituições que atuam para evitar e combater a corrupção como a Controladoria-Geral da União, a Polícia Federal e o Ministério Público.
Para Ricardo Caldas, “as instituições de combate à corrupção ainda não funcionam perfeitamente” e o país sofre com uma herança cultural dos tempos de colonização. “Temos um Estado patrimonial. Não conseguimos separar o público do privado”, disse referindo-se aos textos clássicos sobre a formação do país como Raízes do Brasil (Sérgio Buarque), Os Donos do Poder (Raymundo Faoro) e Carnavais, Malandros e Heróis (Roberto DaMatta).

Da Redação, com informações da Agência Brasil

Nenhum comentário:

Postar um comentário