domingo, 8 de janeiro de 2012

A vez é das Mulheres


“A voz da menina quase sumiu quando ela narrou a tarde ensolarada em que saiu de sua cabana e viu sua melhor amiga enterrada até o pescoço na areia. Ela tinha cometido o erro de recusar-se a casar com um comandante do Al-Shabab. Agora, estava prestes a ter sua cabeça esmagada, pedra por pedra. "Você é a próxima", disse o comandante do Al-Shabab. A menina, uma frágil jovem de 17 anos de idade, vivia com seu irmão em um miserável campo de refugiados.” Via Portal Vermelho

É essa a realidade de milhares de mulheres e meninas na Somália, onde cerca de 98%  passam pela mutilação genital, a maioria é analfabeta e fadadas a andarem cobertas até os pés.
O país que passa por um período, que já dura décadas, de conflitos, entre todos os problemas que enfrenta, o abuso sexual contra as mulheres é um dado crescente.

“O grupo militante Al-Shabab, que se apresenta como uma força rebelde moralmente justa e defensora do puro Islã, tem se apropriado de mulheres e meninas como espólios de guerra, estuprando em grupos e abusando delas como parte de seu reinado de terror no sul do país, segundo as vítimas, trabalhadores humanitários e funcionários da ONU. Sem dinheiro e perdendo terreno, os militantes estão forçando famílias a entregar a mão de suas meninas para casamentos arranjados que não duram mais que algumas semanas de escravidão sexual, essencialmente uma forma barata de aumentar a moral de suas tropas”



Algumas mudanças, pela força das tradições, são mais difíceis de acontecerem, mas isso não serve de desculpa para que não se lute por elas.
A situação das mulheres, não só na Somália, mas em diversos países, principalmente no continente Africano e no Oriente Médio, é alarmante. Existe a questão da cultura que deve ser levada em consideração, mas algumas atitudes já não se encaixam mais no mundo em que vivemos. E isso não é, de forma alguma, algum tipo de superioridade cultural ou fruto da globalização neoliberal que quer transformar o mundo numa massa hegemônica pronta para a manipulação. É uma questão de direitos humanos,de liberdade de expressão. A luta é pelas mulheres, pelo direito que foi esquecido durante séculos, pelo fim da superioridade masculina que é imposta desde a concepção do mundo até hoje. Onde a mulher sempre foi tratada como inferior e submissa ao homem, onde a mulher foi a grande responsável pelo pecado capital (ou foi o homem quem comeu a maça?)

Assim como nesses países, onde mulheres são obrigadas a andarem cobertas por panos e obedecerem, sem questionamentos, a ordem de seus maridos, vivemos também numa sociedade machista, onde homens tem melhores remunerações, onde a mulher ainda é considerada submissa, onde cuidar dos filhos e da casa não deixou de ser sua obrigação. São lutas diferentes, mas a guerra é a mesma.


“Se o presente é de luta , o futuro nos pertence”
Che

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