segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Para além do humor


Em 1969 surge o Pasquim, um semanário brasileiro que lutou contra a censura da ditadura militar. Entre os que colaboraram para o tablóide estão nomes como Ziraldo, Millôr, Paulo Francis, Chico Buarque e Henfil.
A proposta do Pasquim era criticar o governo, o que resultou, muitas vezes, na censura. E foi no Pasquim, em meio ao governo militar, que Henfil se destaca por suas tirinhas cheias de humor e criticas ao governo.
Alguns dos principais personagens do Henfil:

Graúna, Bode Orelana e Zeferino
Os três personagens são usados para representar a disparidade entre os extremos do país (Norte e Sul)
Zeferino - típico sertanejo, com um visual que lembrava um cangaceiro.
Bode Francisco Orelana - representava o intelectual acomodado, que “devorava” livros, mas nunca tinha atitude.
Graúna - seu personagem de maior sucesso. Uma ave miúda, ingênua e otimista, era em cima dela que estava a maior parte da crítica contundente da charge.

Os Fradins
São dois frades dominicanos. Um alto e outro magro, ingênuo e alienado. Os frades Cumprido e Baixim são dois opostos que se complementam.
Cumprido – temente, submisso e inocente. Simboliza a hipocrisia da sociedade. Sempre passivo frente às atrocidades da sociedade.
Baixim – não teme a nada nem ninguém, é sarcástico. É a realidade extremada, sem qualquer hipocrisia, mas sem boa vontade de mudar.

Ubaldo, o paranóico
Foi criado numa parceria entre Henfil e Tárik (critico musical), uma semana depois do assassinato de Wladimir Herzog.
O personagem personifica o medo de uma nova ditadura, já que nesse momento se fala de abertura política. Tinha o estereótipo do jovem engajado, cabelos longos e barba, que, enquanto comemorava a abertura política, sentia o medo da repressão.

Não é só humor...
Os traços dos personagens criados por Henfil são simples. Nada de muitos detalhes e cores, quanto muito um cenário para contextualizar, mas nem sempre. O que pode ser encarado como uma decisão política, já que nessa época fomos bombardeados com os quadrinhos importados de super-heróis. Era seu diferencial, sua marca.
Mesmo antigos, os quadrinhos de Henfil não somente apresentam sua importância na história da repressão, mas se põe atual.
O propósito desse texto é começar uma série de postagens das consagradas tirinhas do Henfil. Semanalmente serão postas. É uma tentativa não só de resgatar a importância histórica que os quadrinhos representam, mas também relembrar a resistência durante a ditadura brasileira.

Para começar...

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