Em 1969 surge o Pasquim, um semanário brasileiro que lutou
contra a censura da ditadura militar. Entre os que colaboraram para o tablóide
estão nomes como Ziraldo, Millôr, Paulo Francis, Chico Buarque e Henfil.
A proposta do Pasquim era criticar o governo, o que
resultou, muitas vezes, na censura. E foi no Pasquim, em meio ao governo
militar, que Henfil se destaca por suas tirinhas cheias de humor e criticas ao
governo.
Alguns dos principais personagens do Henfil:
Graúna, Bode Orelana
e Zeferino
Os três personagens são usados para representar a disparidade
entre os extremos do país (Norte e Sul)
Zeferino - típico sertanejo, com um visual que lembrava um
cangaceiro.
Bode Francisco Orelana - representava o intelectual
acomodado, que “devorava” livros, mas nunca tinha atitude.
Graúna - seu personagem de maior sucesso. Uma ave miúda,
ingênua e otimista, era em cima dela que estava a maior parte da crítica
contundente da charge.
Os Fradins
São dois frades dominicanos. Um alto e outro magro, ingênuo
e alienado. Os frades Cumprido e Baixim são dois opostos que se complementam.
Cumprido – temente, submisso e inocente. Simboliza a
hipocrisia da sociedade. Sempre passivo frente às atrocidades da sociedade.
Baixim – não teme a nada nem ninguém, é sarcástico. É a
realidade extremada, sem qualquer hipocrisia, mas sem boa vontade de mudar.
Ubaldo, o paranóico
Foi criado numa parceria entre Henfil e Tárik (critico
musical), uma semana depois do assassinato de Wladimir Herzog.
O personagem personifica o medo de uma nova ditadura, já que
nesse momento se fala de abertura política. Tinha o estereótipo do jovem
engajado, cabelos longos e barba, que, enquanto comemorava a abertura política,
sentia o medo da repressão.
Não é só humor...
Os traços dos personagens criados por Henfil são simples.
Nada de muitos detalhes e cores, quanto muito um cenário para contextualizar,
mas nem sempre. O que pode ser encarado como uma decisão política, já que nessa
época fomos bombardeados com os quadrinhos importados de super-heróis. Era seu
diferencial, sua marca.
Mesmo antigos, os quadrinhos de Henfil não somente
apresentam sua importância na história da repressão, mas se põe atual.
O propósito desse texto é começar uma série de postagens das
consagradas tirinhas do Henfil. Semanalmente serão postas. É uma tentativa não
só de resgatar a importância histórica que os quadrinhos representam, mas
também relembrar a resistência durante a ditadura brasileira.
Para começar...
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