segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Novos Consumidores na mira

A matéria publicada no sitio de CartaCapital “Pequenos Consumidores” discuti sobre um tema já mencionado neste blog, a publicidade para crianças. Mais uma vez começo deixando clara minha opinião: sou contra. E pretendo, com mais esse texto, embasar mais o que acredito ser uma afronta contra aqueles que serão o futuro do país.


A mídia está cada vez mais presente, cada vez mais próxima dos “360 graus”. Tv, rádio, internet, jogos, tudo isso em constante crescimento, não só em tempo dedicado a cada um deles mais no uso simultâneo dos mesmos. Hoje se escuta rádio enquanto está no computador, ou assiste TV enquanto lê um gibi, por exemplo.
No Brasil, mesmo com o advento da internet, a televisão ainda é o grande meio que influencia no consumo. Segundo a matéria da CartaCapital, “A criança brasileira é uma das campeãs mundiais no tempo médio diário que assiste à tevê. De acordo com levantamento do Ibope feito com jovens de 4 a 11 anos, das classes A, B e C, ela passa quatro horas e 54 minutos diante da tela. Em áreas de maior vulnerabilidade social e econômica, o tempo médio chega a espantosas nove horas por dia. Um tempo de consumo que ultrapassa o período médio que passa no ambiente escolar: cerca de três horas e 15 minutos, segundo estudo elaborado pela Fundação Getulio Vargas em 2009”
O grande problema, que foi se “aperfeiçoando” com o passar do tempo, é que a televisão não exerce o papel exclusivo de entreter, mas também de educar. E educa errado. A TV incentiva o consumo irresponsável, sem qualquer reflexão. Segundo a mesma matéria “O mercado enxergou no abandono das crianças diante das telas uma grande chance de aumentar seus lucros e passou a criar uma série de programações e produtos feitos sob medida. Foi também nesse contexto que a publicidade dirigida às crianças entrou em cena com força total e passou a endereçar ao público infantil mensagens de apelo ao consumo de produtos voltados tanto a crianças quanto a adultos”
De acordo com pesquisa da InterSciense, as crianças influenciam até 80% das decisões de compras de uma família. As vitrines coloridas, músicas, produtos e embalagens, tudo contribui para chamar a atenção dos consumidores mirins. A questão é que, até os 12 anos de idade, as crianças “ainda não tem a capacidade crítica e de abstração de pensamento formada para compreensão total do discurso persuasivo dos apelos para o consumo”

Para terminar, alguns dados divulgados na matéria:

Dados como os mais recentes da pesquisa de Orçamento Familiar POF/IBGE de 2008/2009 nos chocam ao mostrar que 33% das crianças brasileiras estão com sobrepeso e 15% obesas por causa da ingestão descontrolada de alimentos ultraprocessados. Ou o de que o acesso rápido ao consumo, independência e prestígio são os principais motivadores de delitos entre os/as internos/as da Fundação Casa, indicou pesquisa sobre o perfil realizado em 2006. Em relação ao consumo precoce de álcool, estudo da Fapesp de 2009 mostrou que 62% dos adolescentes afirmaram ter sido expostos quase todos os dias, até mais de uma vez, a publicidades de bebidas alcoólicas. Não é coincidência que a idade na qual se inicia o consumo regular de bebidas alcoólicas no Brasil esteja entre 12 e 14 anos

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