sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Cinema Nacional

Alguns dias atrás assisti o filme “Pequenas Histórias” de Helvécio Ratton. Nele a atriz Marieta Severo conta quatro histórias que nos faz relembrar contos e lendas brasileiras.
Não vou me estender em falar sobre o filme, o assunto não é esse, mas indico para todos que gostam de ouvir boas histórias.
Vamos ao ponto. No making of do filme, o diretor Helvécio Ratton, disse algo que me fez pensar. Em certo momento da entrevista ele disse, em outras palavras, pois não vou lembrar exatamente, que “o cinema nacional, com o grande sucesso dos filmes “hollywoodianos”, ganha aparência de filme estrangeiro”.
Nós somos tão massacrados por essa indústria cultural, que cada vez mais nos empurram filmes blockbuster (muitas vezes sem conteúdo algum) e quando aparece um filme nacional, que utiliza de outros modos de contar histórias, outros tipos de filmagens, ele parece estrangeiro. E quem conhece um pouco do nosso cinema sabe que temos filmes excelentes e para todos os gostos, de ação a comédias, de dramas a filmes históricos.
Muita gente critica (na maioria os exibidores de filmes) a  “cota de tela” que desde 2005 estabelece uma cota mínima de filmes nacionais a serem exibidos nos cinemas. Os exibidores alegam que esses filmes não dão público, causando prejuízos se comparados com os sucessos de bilheteria. Essa cota aumentará em 2011, ainda mais com os grandes sucessos de 2010, “Tropa de Elite 2”, “Nosso Lar” e “Chico Xavier” que ajudou a atingir a melhor marca nos últimos 20 anos do cinema brasileiro.
O fato dos filmes nacionais não darem tanta audiência, não se dá pela falta de qualidade, mas sim por um pré-conceito, construído por muito tempo. Há poucos anos atrás era muito mais difícil encontrar salas que passassem filmes nacionais, além da produção ser bem mais escassa e ,muitas vezes, sem muita qualidade sonora e visual. Hoje, continuamos carregando essa visão dos filmes nacionais, de produções baratas e sem muita repercussão.
Há vários modos de começar a mudar essa realidade, talvez o passo mais importante já foi dado, as “cotas de tela”. Com essa medida os espectadores têm mais contato com o cinema nacional e se acostumam com a opção de um filme brasileiro. Além disso, os produtores são incentivados a produzirem grandes filmes, os investimentos para os mesmos aumentam e, consequentemente, a qualidade também (o que vem acontecendo).
Claro que, além dessa medida governamental, tem uma questão cultural muito forte por trás disso tudo. As escolas devem incentivar, deve alimentar o habito de assistir filmes com títulos nacionais. É uma questão de valorização. O Brasil ainda não produz filmes como “Avatar” que mudam o jeito de fazer cinema e são sucessos no mundo inteiro, mas talvez não seja essa a cara do cinema nacional, e é isso que deve ser percebido. Nós temos o nosso jeito de fazer cinema, nossas histórias, não melhor, nem pior, mas nosso jeito. O Brasil é rico de histórias, repleto de personagens, tem excelentes atores, diretores, e um público que está mudando o jeito de olhar para o cinema nacional. O Brasil subiu um degrau no que diz respeito a produção de filmes. Estamos melhores, mais maduros, com produções maiores. Estamos no caminho certo.

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