sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Bem vindos! Voltamos à Idade Média.

A muito tempo atrás, pouco mais de 800 anos, quando as pessoas pensavam diferente, quando o número de informações era muito menor, quando a economia era outra e o acesso a informação era restrito, a igreja tomava conta de tudo. Participava diretamente de tudo, a igreja era o Estado. Era ela quem ditava as regras e quem se encarregava de punir aqueles que não as cumprissem.

Pois bem, 800 anos se passaram e tudo mudou: economia, cultura, valores. As pessoas agora têm acesso a informação e consequentemente desenvolveram uma capacidade maior de raciocínio.
Nessas eleições, não sei se por saudade, estamos voltando a Idade média, onde a igreja ditava as leis. Essas eleições serviram pra nos alertar desse “poder” que a igreja ainda exerce na sociedade e a vontade da mesma de ainda continuar no comando do Estado.
O caso da legalização ou não do aborto gerou uma revolta nas igrejas cristãs, padres, pastores e líderes ficaram inconformados com o assunto e saíram para a luta.
Até ai, tudo bem. Acho que a igreja deve levar a seus cultos e missas assuntos sociais e políticos, com o intuito de politizar seus sermões, de promover o debate.
O que está acontecendo nessas eleições é que alguns membros da igreja estão usando seus “poderes” em relação aos fiéis para impor uma ideologia política e não propondo um debate de idéias e propostas.
Mas isso não é o pior. A causa da minha indignação foi que a igreja “exigiu” o comprometimento dos candidatos, para que esses não legalizassem o aborto e o casamento entre homesexuais, por exemplo. Como que a igreja exige isso? Não é o papel dela! Não devemos ficar esperando a opinião de instituições conservadoras e hipócritas para decidir em quem votar. E como se não bastasse a mídia pegou carona nesse barco e resumiu toda uma campanha de propostas e ideologias partidárias num assunto pontual.
Devemos discutir o Brasil, os próximos passos desse país que não para de crescer, discutir propostas, algo que realmente importe para o crescimento social de nosso país.
Mais uma vez a igreja está ditando as regras, mais uma vez está sendo influenciadora. Aborto é questão de saúde pública, deve ser discutido por quem sabe, e não ser julgado por uma “suposta” moralidade das igrejas e seus fiéis.


Sei que muitos líderes religiosos e adeptos se preocupam com políticas públicas e não ficam batendo sempre na mesma tecla. Sei que muitos deles se mostram dispostos a fazer o debate e juntos ajudar num país melhor. Mas grande parte das instituições ainda preserva esse sentimento de dominação e de “dona da verdade”.


Um texto muito bom sobre o aborto, por Maria Rita Kehl Aqui

“A começar pelo óbvio: não se trata de ser a favor do aborto. Ninguém é. O aborto é sempre a última saída para uma gravidez indesejada. Não é política de controle de natalidade. Não é curtição de adolescentes irresponsáveis, embora algumas vezes possa resultar disso. É uma escolha dramática para a mulher que engravida e se vê sem condições, psíquicas ou materiais, de assumir a maternidade.”
“(...)Da classe média para cima, as moças pagam caro para abortar em clínicas particulares, sem que seu drama seja discutido pelo padre e o juiz nas páginas dos jornais.” Maria Rita Kehl

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