A internet
se apresentou como espaço democrático onde todos podem expressar suas opiniões
que sempre terá alguém ouvindo, concordando ou não. Esse espaço motiva as mais
diversas formas de expressão e organizações, das mais diferentes naturezas. Os
grandes movimentos estão, na sua maioria, ligados à política, como a revolução no
Egito, Churrasco da gente diferenciado, protestos contra Sarney, Movimento
Passe Livre, só para citar alguns exemplos, resta saber se isso está trazendo
uma conscientização política, ou são assuntos sazonais que geram movimentação
na rede e refletem na realidade.
Podemos
entender a internet como uma motivadora de uma pré-disposição que os jovens têm
de se expressar politicamente e participar da vida política/social da
sociedade, isso serve de argumento para os mais otimistas sobre o tema, mas
confesso que não sou tão otimista assim.
Não
discordo da importância que a internet vem tendo nos últimos tempos, do seu
papel democrático e de difusor de informação, mas daí a ter o título da grande
responsável pelos movimentos sociais que estão acontecendo, eu não concordo.
Como grande difusora eu não tenho dúvidas que a internet desempenha seu papel
com excelência, mas não aceito a ideia de que a internet é a responsável pelas
conquistas ou manifestações recentes.
Tomando
como exemplo a queda do ditador Mubarak, é injusto com todos aqueles que
morreram e lutaram contra as tropas do ditador achar que tudo só foi possível
graças ao twitter e facebook. Mais uma vez insisto na importância que essas
redes sociais tiveram, mas como difusoras, para mostrar ao mundo o que estava
acontecendo e como uma ferramenta de organização. Mas o que tirou o ditador
foram as pessoas que saíram às ruas e se colocaram contra o regime. Achar que
tudo isso foi graças ao facebook, na minha percepção, é errado. As revoltas
aconteceriam de um jeito ou de outro, talvez com uma dificuldade a mais na
organização, mas aconteceriam.
Na rede, o
que predomina, daí o advento da mesma, é o pensamento individual, é a
possibilidade de colocar o que quer, individualmente, em evidência. Na
internet as vontades e aspirações individuais, devido a abrangência, se
coincidem com de outros, mas isso não faz com que percam o caráter
individualista. Na rede não existe um abandono de um bem estar individual para
um coletivo, por isso as grandes transformações não terão forças o suficiente
para acontecerem.
A frase
“xingar muito no twitter” que já virou uma expressão comum, explica bem toda
essa situação. As redes sociais, quando falamos de manifestações políticas e
sociais, são cômodas. Isso porque tira o “peso na consciência” que as pessoas
possam vir a ter por não participar da vida política da sociedade e dá a
possibilidade de se manifestar sentado na frente do computador, sem grandes
esforços.
Acreditar
que as coisas mudarão por um simples post no twitter ou vídeo no youtube é
ilusão. Temos que passar a enxergar as redes sociais como uma ferramenta de
organização, e não como peça chave para as conquistas dos novos tempos.
Grandes conquistas já aconteceram sem as “redes sociais” para auxiliar. O
grande personagem é, e sempre será, o povo, o que auxilia esses movimentos é
variável, inconstante, a força da união popular prevalece com o tempo e se
adapta as novas necessidades e tecnologias.
Além disso,
a utilização da internet para discussões políticas é mínima. Segundo
pesquisas da Power to the people, dos participantes de redes sociais 74%
a utilizam para enviar mensagens aos amigos; 55,1%, para postar suas fotos;
33,6%, para baixar e ouvir músicas; 30,8%, para preencher seus blogs, na
maioria com informações pessoais ou sobre a família; 23,3%, para instalar
aplicativos; 21,9% para publicar vídeos; 18,3%, para namorar; 9,8%, para
promover bandas musicais e 3,2%, para outras atividades e, para os mais
otimistas, pode estar dentro dessa pequena parcela as discussões políticas.
A
militância política na internet pouco serve se permanecer na internet. Se não
for exteriorizada de nada funciona. Um twit, comentário ou vídeo desaparecem
assim que aparecer algo mais interessante, quem não está interessado, desliga o
computador ou muda de site. As mobilizações sempre serão as vozes daqueles que
estão reivindicando. Essa não dá pra mudar de página ou esquecer.
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